26 outubro 2013

ACADEMICA na 500ª vitoria em Braga. Um pouco de Historia

Equipa com uma tradição muito particular no futebol português, a Académica atingiu mais um número histórico no seu percurso pelo principal escalão do futebol nacional. Os estudantes venceram o SC Braga por 0x1 e atingiram a vitória 500 na primeira Liga.
Um número digno de realce e conseguido pela mão de Sérgio Conceição, treinador que nasceu em Coimbra e que nasceu para o futebol na Académica, embora nunca tenha feito parte da equipa sénior do clube.
Para já, além da Académica, apenas mais oito clubes conseguiram atingir a marca do meio milhar de vitórias na primeira Liga. Foram elas o Benfica, FC Porto, Sporting, Belenenses, Vitória de Guimarães, Vitória de Setúbal, SC Braga e Boavista.

1934/1935: Primeira vitória alcançada na primeira edição da Liga

Até ao início da temporada de 1934/1935 a principal prova futebolística no país era o Campeonato de Portugal (mais tarde viria a ser substituída pela Taça de Portugal), competição que a Académica nunca venceu apesar de ter sido finalista na sua segunda edição, em 1922/1923.
No entanto, 1934/1935 é uma época que marca a evolução no panorama das competições portuguesas, pois pela primeira é disputado o campeonato da primeira Liga num sistema de pontuação e composto por duas voltas.

A equipa da Académica que participou na primeira edição da Liga, em 1935
Foram oito os participantes na primeira edição do campeonato da primeira Liga e a Académica foi um deles, depois de ter garantido o apuramento na final do Campeonato de Coimbra ao levar a melhor sobre o União de Coimbra, sendo que o encontro da segunda mão da final, que terminou empatado a uma bola, teve a particularidade de ser o primeiro a ter direito a transmissão radiofónica em Portugal. Sob o comando de Rudolf Jeny (o primeiro treinador estrangeiro da história da Académica e que enquanto jogador quando representou o Sporting recusou-se a participar numa final do Campeonato de Portugal por entender que não fazia sentido um estrangeiro disputar um título que decidisse o título português) os estudantes estrearam-se no campeonato com uma derrota em casa por 6x0 contra o Sporting. De realçar ainda a presença do reitor da Universidade de Coimbra no pelado do Campo de Santa Cruz para cumprimentar os jogadores antes do jogo.
A primeira vitória, contudo, viria a surgir a 30 de março de 1935. No Campo de Santa Cruz, os estudantes venceram o Académico do Porto por 2x1, com os golos a serem da autoria de Alexandre Portugal e Rui Cunha. Seria, de resto, o único triunfo da turma de Coimbra em toda a primeira edição da primeira Liga.
Nesse jogo, a Académica alinhou com o seguinte 11: Tibério Antunes, Abreu, João Pascoal, Cristóvão, José Maria Antunes, Bordalo, Faustino Duarte, Alexandre Portugal, Bernardo Pimenta, Isabelinha e Rui Cunha.


Curado, Mário Wilson e Melo participaram na vitória 100 da Académica
1952/1953: Vitória 100 alcançada em Braga

A temporada de 1952/1953 ficou marcada por divergências da Académica com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) por causa da interdição do seu campo por quatro jogos após a receção ao Benfica. Os estudantes perderam o encontro com os encarnados por 3x1 e os seus adeptos após o apito final agrediram o árbitro Reis Santos com objetos atirados desde a bancada. Além disso, uma camioneta de adeptos das águias foi apedrejada já fora do campo. Consequência disso, Benfica e Académica cortaram relações e os estudantes foram sancionados pela FPF com a interdição do Municipal de Coimbra por quatro jogos, que perante a posterior defesa da briosa e com o consentimento do governo acabaria por não acontecer, e uma multa de dois contos.
No entanto, a época também ficou para a história porque foi quando a Académica atingiu a vitória 100 na primeira Liga. A chegada à centena de vitórias no principal escalão do futebol português aconteceu a 2 de novembro de 1952, com os estudantes a vencerem o SC Braga por 0x1 no Estádio 28 de Maio. Bentes, aos 30 minutos, apontou o tento solitário da partida.
Sob a orientação do argentino Oscar Tellechea, a formação de Coimbra alinhou na cidade dos arcebispos com o seguinte 11: Manuel Capela, Curado, Melo, Eduardo Santos, Mário Wilson, Abreu, Duarte, Rui Gil, Macedo, Pedro Azeredo e Bentes.

1958/1959: Maior goleada na primeira Liga

Cândido de Oliveira treinou a Académica até à altura da sua morte, que aconteceu em junho de 1958 quando se encontrava na Suécia a fazer a cobertura do Campeonato do Mundo para o jornal A Bola, periódico que fundou, juntamente com Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo, após ter regressado a Portugal desde Cabo Verde a 1 de janeiro de 1944.

János Biri foi o sucessor de Cândido de Oliveira na Académica, mas esteve pouco tempo no comando técnico
O ex-jogador do Benfica, do Casa Pia e ex-internacional português que era também jornalista, que trabalhava nos CTT e que viria a ser selecionador nacional e treinador do Belenenses, Sporting, FC Porto, Académica e dos brasileiros do Flamengo esteve preso no campo de concentração do Tarrafal após ter sido detido pela PIDE por ser o informador da Inglaterra e dos países aliados sobre os movimentos alemães em Portugal durante a II Guerra Mundial.   Ora, por ter falecido em junho de 1958, a temporada de 1958/1959 ficou marcada pela sua sucessão no comando técnico da Académica. Cândido de Oliveira tinha revelado aos dirigentes da briosa que gostaria que o brasileiro Otto Bumbel fosse um dia o seu sucessor nos estudantes. Os dois conheceram-se no Brasil, durante um treino da seleção brasileira tendo em vista o Campeonato do Mundo de 1950, e a amizade nasceu desde aí. De resto, chegaram também a ser adversários em terras de Vera Cruz, quando o português orientou o Flamengo, mas também em Portugal quando o brasileiro orientou o Lusitano de Évora antes de se tornar treinador do FC Porto.
No entanto, a escolha do clube de Coimbra acabou por ser Janos Biri, técnico húngaro mas com nacionalidade portuguesa que até então tinha orientado o Lusitânia, Oriental, Vitória de Setúbal, Atlético, Vitória de Guimarães, Estoril, Benfica e Académico do Porto. Contudo, os resultados não foram os melhores e na tentativa de recuperar na tabela classificativa, a direção da Académica decidiu prescindir dos serviços de Janos Biri e contratar aquele que Cândido de Oliveira queria como seu sucessor: Otto Bumbel.
Com o treinador brasileiro, a Académica garantiu a permanência e alcançou aquela que é a sua maior goleada até hoje na primeira Liga e em todas as competições nacionais. A 22 de março de 1959, em partida a contar para a 26ª jornada, os estudantes receberam no Estádio Municipal de Coimbra o Caldas e golearam por 11x0. Os golos foram da autoria de Daniel Chipenda, que só à sua conta festejou por quatro vezes, Duarte, que fez um hat-trick, Francisco Rocha, que bisou, e Miranda.
O 11 escalado por Otto Bumbel foi o seguinte: Cristóvão, Delfino, Bento, Samuel, Marta, Mário Torres, Duarte, Daniel Chipenda, Miranda, André e Rocha.

1963/1964: Vitória 200 diante do Belenenses


Equipa da Académica na época de 1963/1964, na qual conseguiu a vitória 200
Foi na segunda temporada de José Maria Pedroto como treinador da Académica que os estudantes conseguiram chegar ao triunfo 200 no principal escalão do futebol português. À oitava jornada, disputada a 8 de dezembro de 1963, a formação de Coimbra recebeu no Estádio Municipal o Belenenses e venceu por 1x0, graças a um golo apontado por Torres aos 55 minutos, através da conversão de uma grande penalidade.
Nesse dia, a Académica jogou com o seguinte 11: Américo, Curado, Manuel Castro, Vítor Campos, Torres, Piscas, Almeida, Manuel Duarte, Francisco Rocha, Carlos Teixeira e Oliveira Duarte.
Nessa temporada, os estudantes iriam terminar o campeonato no nono lugar, posição que afastou José Maria Pedroto do cargo, depois de na época anterior apenas ter conseguido o décimo posto. Ainda assim, as razões para a saída do técnico nunca ficaram totalmente esclarecidas. Uns diziam que era porque o treinador não gostava das interferências da direção no seu trabalho, outros argumentavam que Pedroto não permitia que alguns jogadores colocassem os estudos em primeiro lugar, querendo-os totalmente focados no futebol da Académica.
Para o seu lugar haveria de ser escolhido Mário Wilson, ex-capitão da Académica e que era adjunto de Pedroto. Ainda assim, aquele a quem chamavam de «capitão» era considerado um discípulo de Cândido de Oliveira, técnico com o qual havia trabalhado enquanto jogador.

1971/1972: Vitória 300 no Estádio das Antas

A Académica acabara de perder dois dos seus melhores jogadores para o Benfica, Artur Correia e Rui Rodrigues, que anteriormente tinha recusado três convites dos encarnados e outro do Sporting por ter o compromisso de representar os estudantes até terminar o seu curso superior na Faculdade de Farmácia.
Por isso, o pessimismo em volta da equipa era real e viria a justificar-se no final da temporada, com os estudantes a serem despromovidos ao segundo escalão pela segunda vez na sua história. Ainda assim, foi na época de 1971/1972 que a briosa alcançou a vitória 300 na primeira Liga.
A 31 de outubro de 1971, em partida a contar para a sétima jornada, a Académica surpreendeu e venceu o FC Porto por 3x2 no Estádio das Antas, com os golos a serem da autoria de Manuel António, que bisou e marcou o golo do triunfo aos 89 minutos, e de Mário Campos.

Henrique Calisto orientou a Académica na vitória 400 ©Catarina Morais
Comandada por Juca, que viria a ser demitido do comando técnico antes da época terminar por causa dos maus resultados, a Académica apresentou o seguinte 11 na cidade invicta: João Melo, Brasfemes, Carlos Alhinho, José Freixo, Araújo, Mário Campos, Gervásio, Vítor Campos, Vala, Oliveira Duarte e Manuel António. Ao minuto 76, Gregório Freixo entrou para o lugar de Oliveira Duarte.

1997/1998: Vitória 400 no Estádio do Bonfim

Foi apenas na última jornada que a Académica evitou a descida de divisão na época de 1997/1998. José Romão, coadjuvado por Porfírio Amorim, foi o treinador que evitou a despromoção, mas mesmo assim acabaria por deixar os estudantes após o término da temporada. Contudo, antes dele já Henrique Calisto, que tinha substituído Vítor Oliveira, tinha orientado a equipa.
Foi nessa época, porém, que a Académica conquistou o triunfo 400 na primeira Liga. A 30 de novembro de 1997, os estudantes deslocaram-se ao Estádio do Bonfim e venceram por 1x0, graças ao golo solitário apontado por Miguel Vargas, já em período de compensação.
Orientados por Henrique Calisto, os estudantes apresentaram-se em terras do Sado com o seguinte 11: Pedro Roma, Tó Sá, Aurélio, Rched Mounir, Zé Nando, Rocha, Mickey, Gilberto Gaúcho, Dário, Pedro Lavoura e João Tomás. No decorrer do jogo entraram ainda Rui Campos, Miguel Vargas e Akwá para os lugares de Pedro Lavoura, Dário e João Tomás, respetivamente.

2003/2004: Maior goleada fora de casa

Só na última jornada é que a Académica conseguiu garantir a permanência no principal escalão do futebol português. João Carlos Pereira foi o treinador responsável por evitar a descida de divisão, depois de ter sido antecedido por Artur Jorge e Vítor Oliveira.
Numa época marcada pela doença de João Moreno, presidente da Académica na altura e que acabaria por falecer em outubro de 2004, e pela saída do avançado carismático Dário, os estudantes tiveram bastantes dificuldades para continuar na primeira Liga, algo conseguido graças à boa reta final de campeonato, na qual conseguiu sete vitórias em 13 jogos.
Entre essas sete vitórias está a goleada de 5x0 no Estádio do Restelo, a contar para a 23ª ronda da Liga. A 21 de fevereiro de 2004 os estudantes conseguiram, assim, o resultado mais folgado fora de portas no principal escalão, graças aos golos apontados por Tonel, Paulo Sérgio, Joeano, Flávio Ribeiro e Lucas.
Sob o comando de João Carlos Pereira, que se estreava como treinador principal na primeira Liga, a Académica entrou em campo com Pedro Roma, Tonel, Zé António, Nuno Luís, Fredy, Rodolfo, Paulo Adriano, Lucas, Joeano, Paulo Sérgio e Flávio Ribeiro. Durante o jogo no Restelo entraram ainda Tixier, Fábio Felício e Dionattan para os lugares de Joeano, Paulo Sérgio e Paulo Adriano, respetivamente.


Fernando Alexandre foi o autor do golo que deu a vitória 500 à Académica ©Catarina Morais
2013/2014: Vitória 500 e fim do jejum de 46 anos sem ganhar em Braga

Foi na cidade onde conseguiu a vitória 100 na primeira Liga e na qual não vencia desde 19 de fevereiro de 1967 que a Académica atingiu os 500 triunfos no principal escalão do futebol português
À entrada para a oitava jornada, os estudantes apenas tinham uma vitória e ocupavam os lugares de despromoção. No entanto, sob o comando de Sérgio Conceição, a turma de Coimbra deu uma lição aos bracarenses e colocou um ponto final num jejum de 46 anos sem vencer na cidade dos arcebispos.
Fernando Alexandre, jogador que já pertenceu aos quadros dos arsenalistas, foi o autor do único golo do encontro, marcando de cabeça logo aos quatro minutos. Para a história ficará também o 11 escalado por Conceição: Ricardo, Aníbal Capela, João Real, Reiner Ferreira, Marcelo Goiano, Bruno China, Cleyton, Fernando Alexandre, Liban Abdi, Diogo Valente e Rafael Oliveira. Durante o jogo entraram Marinho, Manoel e Rafik Halliche para os lugares de Diogo Valente, Rafael Oliveira e Bruno China, respetivamente.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial