Durante os 17 anos que jogou na Académica fê-lo sempre ao mais alto nível, com um estilo próprio, que conciliava uma técnica admirável com uma tranquilidade e abnegação fora do comum. Transformava o difícil em fácil e o complexo em evidente, tudo com uma classe de fazer "inveja" a tantos outros que procuravam um lugar naquela equipa dourada da Académica. Parecia fácil...
O seu carisma funcionava como uma mola impulsionadora para todos, principalmente para os mais novos que viam nele, não só o admirável jogador e capitão que era, mas também um amigo, solicito e permanentemente disponível para aconselhar, orientar e motivar.
A facilidade demonstrada em campo era a mesma com que se impunha na defesa dos princípios e ideais académicos a que se entregava de alma e coração, que ficaram bem expressos aquando da transição AAC-SF/CAC. Nunca abdicando das suas convicções, procurava na argumentação e discussão, sempre comedida, os consensos necessários que levassem à concretização dos objectivos pretendidos.
O Gervásio foi ainda treinador do CAC em 1983/84, tendo concretizado a subida à 1ª divisão. Em 1990/91 voltou a desempenhar este papel, pondo, mais uma vez em evidência a sua personalidade e conhecimentos.
Do seu currículo académico consta ainda a participação em diversas direcções da Académica quer quando ainda jogador quer posteriormente, tendo sido recentemente vice-presidente.
Não nos podemos esquecer que o Gervásio foi Presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, ajudando à construção duma nova mentalidade, traduzida não só em novas ideias como na objectivação das mesmas através de legislação apropriada.
Licenciado em Direito, desempenhou cargos relevantes em diversas instituições, entre as quais o Centro Regional da Segurança Social, e onde deixou também a sua marca de seriedade, competência e dedicação.
O Núcleo de Veteranos, do qual foi presidente, vê partir uma referência, sem dúvida, mas fundamentalmente um grande amigo, amigo que esteve sempre presente ao longo dos anos em convívio quase diário com os companheiros de Coimbra que tiveram o privilégio de o ter por perto.
Já doente, fazia questão de ir aos "jantares de 4ª feira", onde informalmente nos encontramos. Fazia-o já com algum sacrifício, mas não admitia que houvesse "faltas de comparência", estando sempre ansioso à minha espera para ir buscá-lo a casa e compartilhar com os amigos as vivências passadas, as histórias permitidas e as não permitidas mil vezes contadas, nunca esquecendo as preocupações com a sua e nossa Académica.
Era o ADN Académico, na sua mais bela expressão...
Post sacado dos Veteranos da AAC